Com uma base de traders cada vez mais sofisticada e em busca de novos produtos, a B3 dá sinais claros de que o mercado de criptoativos veio para ficar — e com protagonismo. Após o lançamento do contrato futuro de Bitcoin, há pouco mais de um ano, a Bolsa dobrou a aposta e passou a oferecer novos contratos futuros de Ethereum, Solana e ouro, todos com estrutura micro e margens acessíveis. Além disso, já mira outras novidades, como o contrato futuro de petróleo.
Essa nova fase foi debatida durante o painel “A B3 virou cripto?”, realizado na Expert XP 2025, dentro da Arena Trader. Mediado por Alex Carvalho, analista de investimentos da XP, o bate-papo reuniu Marcos Skistymas, diretor geral de produtos listados da B3, e Bruno Marques, trader e influenciador da XP.
“Nosso papel é trazer essas oportunidades na B3. Trade de tudo ali, mas com segurança, transparência e preços justos na tela”, afirmou Skistymas.

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Novos lançamentos
Com a experiência dos criptoativos, a B3 estuda o lançamento de dois novos produtos: os contratos futuros de petróleo e o VIX Brasil, uma versão nacional do índice de volatilidade mais conhecido no mundo como o “Índice do Medo”.
“A gente quer trazer o petróleo no começo do ano que vem”, antecipou Skistymas, destacando que a bolsa também estuda a possibilidade de um VIX Brasil. “Queremos provocar o mercado e trazer sofisticação, mas sempre ouvindo o cliente” , completou.
A lógica, segundo ele, é clara: observar os movimentos de produtos com alta tração nos mercados internacionais, ouvir o investidor brasileiro e adaptar soluções à realidade local — com segurança e regulação.
Para Skistymas, esse é apenas o começo. “A gente está ouvindo o mercado, os traders, os assessores. Queremos construir isso juntos”, enfatizou.
Microcontratos e margens mais baixas
Skistymas trouxe mais detalhes da estrutura dos novos contratos criptos, que foram desenhados com foco na ampliação do acesso. A proposta, segundo ele, foi atender investidores que ainda viam os derivativos de cripto como produtos caros e pouco acessíveis.
“A gente trouxe a Solana e o Ethereum já no tamanho micro, como forma de democratizar o acesso”, explicou.
“O Bitcoin, que girava na casa dos 60 mil reais, agora também tem versão micro de aproximadamente 1.000 dólares, aproximadamente R$ 6.000,00”, completou.
Com a reformulação, a margem mínima para operar caiu de R$100,00 para cerca de R$ 50,00, facilitando a entrada de traders iniciantes e possibilitando estratégias com menor alavancagem.
E o impacto foi imediato. “Nós vimos que cresceu por volta de 20% o número de investidores negociando diariamente esses produtos”, afirmou Skistymas.
“Foi acertada a decisão da B3 de diminuir essa margem para operar. Eu mesmo voltei a operar mais o Bitcoin na B3 depois dessa diminuição”, relatou Bruno Marques, que atua no mercado há 19 anos.

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Custo real da operação
Outra dor antiga dos traders — o custo para operar — também foi tratada com ajustes. A B3 criou uma faixa, apelidada de “faixa zero”, que permite aos novos participantes operar, inicialmente, com emolumentos reduzidos.
“Você que é um novo entrante no mercado, vai ter um tempo para operar com emolumento menor, para que de fato ajuste sua dinâmica de trading e depois você se encaixe na faixa correta”, explicou Skistymas.
Skistymas chamou atenção para um dos custos mais negligenciados — e, segundo ele, um dos mais relevantes — no dia a dia do trader: o spread.
Para o executivo, muitos investidores se preocupam apenas com os emolumentos cobrados pela Bolsa, mas ignoram o impacto do preço real de entrada e saída da operação.
“O grande ponto que ninguém dá atenção é o spread que está na tela. Esse é o maior custo da operação. Se o ativo custa 100, e o book está 99 com 101, você já paga 101”, explicou.
Ele destacou que a B3 trabalha com critérios rigorosos para manter os spreads estreitos e a liquidez consistente — o que, segundo ele, coloca os contratos locais em vantagem frente a mercados não regulados.
“A gente exige formador de preço super apertado para o spread que você vê na tela dos nossos produtos. Se comparar com outras Exchanges ou mercados não regulados, como o forex, no final das contas, tem lugar que a gente é mais de 50 a 70 vezes mais barato. Mas o cara olha o emolumento na B3 e fala: ‘ah, é caro’”, afirmou.
Marques reforçou o argumento, destacando que muitos traders iniciantes acabam subestimando os custos totais quando operam em Exchanges internacionais.
“No emolumento da B3, o valor aparece na nota. Nas Exchange, elas cobram geralmente 0,04% nas ordens a mercado e 0,02% nas ordens limite, tanto na entrada quanto na saída”, explicou.
Ampliação do horário de negociação
Uma mudança que pode ter grande impacto no dia a dia dos traders, é a ampliação do horário de negociação dos contratos futuros de Bitcoin, Ethereum, Solana e ouro.
Hoje, restritos ao horário tradicional da Bolsa, esses ativos poderão, em breve, ser negociados das 8h às 20h. “Estender esse horário é nosso objetivo para agora em outubro”, revelou Skistymas.
A extensão facilita a captura de movimentos globais e eventos que impactam diretamente os ativos digitais, que são negociados 24 horas por dia em mercados internacionais.
Segundo Bruno, essa mudança ajuda o trader brasileiro a atuar com mais contexto e menos improviso.
“O mundo inteiro está operando Bitcoin. E a liquidez desse ativo é impressionante. Para mim, é até mais técnico que o índice ou o dólar. Se você não está olhando para ele, está perdendo tempo”, afirmou.

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Educação, transparência e foco no trader
A B3 também tem investido em educação e comparações diretas entre o mercado regulado e plataformas não reguladas, como Exchanges de cripto e corretoras de forex. O objetivo é munir o investidor com informações claras sobre custos, riscos e estrutura de operação.
“O investidor precisa saber onde está entrando. O trader que vai para o mercado não regulado e tem problema para sacar o dinheiro sai frustrado, acaba culpando o mercado como um todo. Isso não é mercado financeiro. Nosso desafio é educar e mostrar as diferenças”, afirmou Skistymas.
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