As ações da Camil (CAML3) registram forte queda nesta quarta-feira (16), primeira sessão após a divulgação dos resultados primeiro trimestre de 2025 (1T25). Às 12h52, os papéis da companhia caíam 4,90%, cotados R$ 5,05.
O Santander avaliou que os resultados vieram em linha com o esperado. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA, na sigla em inglês) caiu 6% na comparação anual, para R$ 233 milhões, com margem EBITDA de 8,7% — estável em relação ao ano anterior, mas com queda de 90 pontos-base na comparação trimestral.
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Para o Santander, o principal destaque negativo foi o segmento de Alto Giro (ex.: açúcar), impactado por dois fatores: (i) queda de 27% nos preços do arroz no Brasil em relação ao mesmo período do ano anterior; e (ii) a continuidade de um cenário desafiador para o mercado de açúcar.

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No Brasil, o EBITDA foi de R$ 163 milhões, uma queda de 12% em base anual, resultado que ficou em linha com as estimativas do Santander. Os preços do arroz caíram expressivamente no trimestre, refletindo a recuperação da produtividade da safra 2024/25, enquanto a dinâmica negativa do açúcar continuou pressionando os volumes. No segmento de Alto Valor, a Camil conseguiu repassar o aumento de 123% nos preços do café, mas enfrentou recuo nos volumes.
Já o segmento Internacional apresentou desempenho positivo, como esperado. Apesar dos preços mais baixos do arroz nos principais mercados, a margem EBITDA se manteve sólida em 9,3%, refletindo uma dinâmica mais normalizada em países-chave como Peru e Chile. Exportações mais robustas de Uruguai e Equador contribuíram para um crescimento de 24% no volume vendido em base anual.
Por outro lado, o Santander expressou preocupação com o processo de desalavancagem da companhia. A alavancagem subiu para 4,1 vezes dívida líquida/EBITDA no 1T25, ante 3,0 vezes no 4T24, impulsionada por um consumo sazonal de capital de giro em torno de R$ 890 milhões.
Olhando para o futuro, o Santander projeta um cenário desafiador, com expectativa de encerrar o exercício fiscal de 2025 em 3,2 vezes, abaixo do limite contratual de 4,0 vezes. Ainda assim, o banco chama atenção para a necessidade de amortização de R$ 2,4 bilhões em dívidas até maio de 2026.
Para a XP, a Camil reportou um trimestre majoritariamente dentro do esperado. Contudo, devido a um consumo de caixa maior do que o esperado, a alavancagem subiu para um desconfortável múltiplo de 4,1 vezes Dívida Líquida/EBITDA, mesmo considerando a sazonalidade.
O time de análise da XP pontua que o trimestre foi marcado por volumes menores nas categorias de Alto Giro e Alto Crescimento (ex.: peixe e café), parcialmente compensados pela unidade internacional. Além disso, a imposição de tarifas pelos EUA pode pressionar ainda mais os mercados de arroz e café.
O Itaú BBA também comenta que a Camil reportou resultados em linha com suas expectativas, com um EBITDA ajustado, apenas 2% abaixo de sua projeção.
Analistas do BBA destacam que a queda nos preços do arroz impactou os volumes, mas as operações internacionais sustentaram os números consolidados. Olhando para o futuro, a dinâmica volátil dos preços do arroz pode ser um fator-chave adicional a ser monitorado na tese de investimento. No entanto, o BBA acredita que a dinâmica operacional pode melhorar no futuro, à medida que os varejistas repõem os níveis de estoque nos próximos trimestres.
Já o JPMorgan destaca que os preços do arroz atingiram um piso e tendem a registrar uma recuperação. Segundo o banco, os produtores devem reduzir a oferta do grão, o que pode favorecer um ajuste positivo nos preços — ainda que esse movimento ocorra em patamares inferiores aos níveis históricos.
Para o JPMorgan, esse movimento deve beneficiar a dinâmica de estoques e margens da companhia no curto prazo, já que a Camil não acredita que seus clientes correrão o risco de operar com níveis baixos de inventário. A leitura do banco é que o ambiente competitivo no mercado doméstico de arroz segue estável, e a retomada gradual de preços pode melhorar a rentabilidade do segmento nos próximos trimestres.
Os bancos têm recomendações distintas para ações da Camil. O JPMorgan reiterou recomendação de venda e preço-alvo de R$ 5, enquanto o JPMorgan manteve recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 8. Já o BBA tem classificação de compra e preço-alvo de R$ 9.
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