A Conferência de Mudanças Climáticas de Bonn, na Alemanha, que ocorre neste mês de junho, funciona como uma reunião preparatória para a Conferência das Partes (COP), marcada para novembro. Este ano, com sede no Brasil, a COP30 será realizada em Belém, no Pará, e tem como objetivo avançar na implementação dos acordos firmados nos últimos anos.
Para alcançar essa meta, é necessário dinheiro, destaca Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, em sua coluna na Rádio Eldorado. A questão financeira tem sido o foco do “estresse” na reunião que começou na semana passada em Bonn, onde se discute como será a próxima COP, que acontecerá em menos de cinco meses.
“A reunião não começou muito bem. O resultado da última COP foi péssimo, e o fantasma de uma conferência ruim voltou a assombrar os negociadores na Alemanha desta vez. O tema que não foi resolvido (em Baku, na COP29) foi o de dinheiro, que é fundamental nesse debate de clima”, afirma Astrini.
“Para tirar os acordos do papel e colocá-los em prática, é preciso de dinheiro, especialmente em países em desenvolvimento, como o Brasil, que precisa fazer um esforço enorme para reduzir sua agressão ao meio ambiente e implementar novas tecnologias. Alguns países precisam mudar sua matriz energética, o que é muito caro. Sem dinheiro, isso não acontece, e o dinheiro foi justamente o que não apareceu na última COP”, acrescenta.
O ambiente internacional de conflitos também entrou nas salas de negociação, com a disputa entre Israel e Irã e o recente ataque dos Estados Unidos a bases nucleares iranianas, aumentando ainda mais as tensões.
“É esse mundo em guerra tarifária e bélica que se encontra nessas negociações, e é óbvio que esse ambiente de agressão, disputa e conflito acaba entrando nas salas de negociação de clima. Mesmo assim, as reuniões continuam acontecendo”, afirma o membro do Observatório do Clima.
O problema de hospedagem em Belém também esteve presente na reunião de Bonn. Faltando menos de cinco meses para a COP30, o governo brasileiro ainda não tem uma solução capaz de receber todo o público previsto para o evento. Países voltaram a dizer que, sem uma solução, consideram não enviar delegados à conferência.
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