O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) deve fazer três cortes consecutivos de 25 pontos-base na taxa de juros a partir de setembro, projeta Jan Hatzius, economista do Goldman Sachs em relatório enviado ao mercado.
A expectativa é de reduções também em outubro e dezembro, totalizando 75 pontos-base até o fim deste ano. O relatório do banco aponta que os riscos no mercado de trabalho estão se materializando e abrindo espaço para um início de ciclo de afrouxamento monetário.
Segundo os analistas, os números de emprego (payroll) divulgados na sexta-feira (1º) reforçam a leitura de que o crescimento econômico nos Estados Unidos está próximo da estagnação. Embora a taxa de desemprego tenha subido de forma modesta, de 4,1% no primeiro trimestre para 4,248% em julho, o crescimento mensal subjacente do emprego, estimado a partir das pesquisas de estabelecimentos e domiciliar, caiu de 206 mil para apenas 28 mil no mesmo período.
A estimativa do Goldman Sachs para o ponto de equilíbrio do mercado de trabalho gira em torno de 90 mil novas vagas por mês. Parte da revisão nas projeções decorre de dados mais fracos em julho e da reclassificação dos números de maio e junho pelo Bureau of Labor Statistics (BLS), o órgão responsável pelas estatísticas de emprego.

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O relatório observa que as revisões negativas nas séries de emprego tendem a ocorrer em momentos de enfraquecimento econômico, quando empresas que respondem mais tarde à pesquisa são justamente as que enfrentam cortes. Além disso, modelos estatísticos como o de nascimento-morte de empresas demoram até um ano para capturar adequadamente o fechamento de negócios.
A leitura também incorporou uma desaceleração na atividade econômica. O Produto Interno Bruto (PIB) real dos EUA cresceu apenas 1,2% anualizado no primeiro semestre deste ano, abaixo do potencial estimado pelo banco.
A combinação de consumo lento, menor renda disponível e repasse gradual de tarifas sobre os preços finais tem freado o avanço da economia, conforme Hatzius. O setor de construção, por exemplo, deve continuar em ritmo mais fraco diante de uma redução na formação de domicílios, provocada por menor imigração e crescimento populacional mais contido.
Em coletiva após a última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), o presidente do Fed, Jerome Powell, adotou um tom cauteloso, sem sinalizar claramente a decisão de setembro. Ainda assim, mencionou riscos relacionados ao emprego seis vezes, o que reforça a visão do Goldman Sachs de que cortes estão no radar do banco central.

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A previsão da casa também inclui outros dois cortes de 25 pontos-base no primeiro semestre de 2026. Um corte maior, de 50 pontos-base, em setembro não está descartado, caso o relatório de emprego de agosto mostre nova alta na taxa de desemprego ou avanço nos pedidos de seguro-desemprego.
A sucessão no Fed entrou no radar do mercado. Com o fim do mandato de uma das governadoras, Trump poderá nomear um novo membro ainda nesta semana. Se a confirmação for rápida, o novo nome poderá participar da reunião de setembro do Fomc.
A escolha tem peso adicional porque o novo integrante pode substituir Jerome Powell na presidência da autoridade monetária, já que seu mandato se encerra em maio de 2026.
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