Para Morgan Housel, autor de A Psicologia Financeira — best-seller traduzido para mais de 50 idiomas —, os princípios fundamentais da construção de riqueza continuam válidos mesmo em cenários adversos como o brasileiro, marcado por alta inflação, crédito caro e informalidade.
Questionado pelo InfoMoney durante a Expert XP 2025 sobre como poupar em um país onde grande parte da população mal consegue guardar dinheiro, Housel apontou que, apesar do cenário brasileiro ser difícil, não é muito diferente do americano.
“Entendo o que vocês estão passando aí no Brasil. Mas se você conversar com americanos, muitos vão dizer que é impossível poupar aqui também”, afirmou.

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Segundo ele, o erro está em enxergar a poupança como um “tudo ou nada”. “Cada pequena quantia que você economiza é um pedaço do seu futuro que você passa a possuir. E o oposto é verdadeiro: cada real de dívida é um pedaço do seu futuro que pertence a outra pessoa”, disse.
Housel afirma que a independência financeira não é um ponto fixo, e sim um espectro. Mesmo valores modestos acumulados ao longo do tempo fazem diferença.
“As pessoas pensam: ‘Se eu não posso guardar muito, por que me esforçar?’ Mas isso é um erro. Quando eu era adolescente, guardar 1 ou 5 dólares já era significativo. E isso me deu noção de controle sobre meu futuro.”
Ele também ressalta que hoje vivemos uma era em que investir se tornou mais acessível. “Na geração dos nossos pais, era preciso ser rico para aplicar na bolsa. Agora, com pouco dinheiro, já é possível participar. Isso muda tudo.”
Apostas esportivas: um alerta ao Brasil
Ao ser perguntado sobre o crescimento das apostas esportivas no Brasil — agora legalizadas e massivamente promovidas —, Housel foi direto: trata-se de um comportamento preocupante e com paralelo direto ao que ocorre nos EUA.
“Lá, as apostas foram legalizadas há poucos anos e já há uma explosão de casos de jovens com dificuldades financeiras, buscando terapia e até enfrentando falência”, afirmou.
Para ele, o apelo das apostas é semelhante ao das criptomoedas: “É gostoso, é divertido, parece que vai dar certo rápido. Mas quanto mais empolgante parece um investimento, pior tende a ser o resultado. Cripto e apostas são o ‘docinho’ do mercado. Mas o que funciona mesmo é o ‘brócolis’: diversificar, investir no longo prazo e manter os custos baixos.”
O maior risco?
Outro ponto central trazido pelo autor foi a forma como lidamos com o risco. Segundo Housel, os maiores perigos financeiros não são aqueles que podemos nomear, mas justamente os invisíveis.
“Ninguém, em 2019, diria que uma pandemia global pararia o mundo. Os maiores riscos dos próximos cinco anos provavelmente são coisas que a gente ainda nem consegue imaginar.”
Por isso, o caminho não é tentar prever o imprevisível, mas se preparar psicologicamente e financeiramente para a volatilidade — algo que vale tanto em mercados maduros quanto emergentes.
Dinheiro como ferramenta de paz
Ao fim, Housel volta ao ponto central de seu pensamento: dinheiro deve ser uma ferramenta, não um fim.
“O que eu realmente quero é independência para passar tempo com minha família, viver com tranquilidade. Ter muito dinheiro sem saúde, sem amigos, sem alegria… vale a pena? Ter menos, mas ter paz de espírito, é isso que importa.”
The post Morgan Housel: “Cada real poupado é um pedaço do seu futuro que você passa a possuir” appeared first on InfoMoney.
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