Pelo menos 20 palestinos foram mortos na quarta-feira em um local de distribuição de ajuda administrado pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF), no que o grupo apoiado pelos EUA disse ter sido um tumulto instigado por agitadores armados.
A GHF, que também é apoiada por Israel, afirmou que 19 pessoas foram pisoteadas e uma foi esfaqueada fatalmente durante o confronto em um de seus centros em Khan Younis, no sul de Gaza.
“Temos motivos confiáveis para acreditar que elementos da multidão — armados e afiliados ao Hamas — fomentaram deliberadamente a agitação”, disse a GHF em um comunicado.
O Hamas rejeitou a alegação da GHF como “falsa e enganosa”, culpando a GHF e os militares israelenses pelo incidente.
Testemunhas disseram à Reuters que os guardas do local lançaram gás de pimenta contra eles depois de terem trancado os portões do centro, prendendo-os entre os portões e a cerca de arame externa.
“As pessoas continuavam se reunindo e pressionando umas às outras; quando as pessoas se empurravam… aquelas que não conseguiam ficar de pé caíam sob as pessoas e eram esmagadas”, disse a testemunha Mahmoud Fojo, 21 anos, que ficou ferido na confusão.
“Algumas pessoas começaram a pular a cerca com rede e ficaram feridas. Nós ficamos feridos e Deus nos salvou. Estávamos embaixo das pessoas e fizemos a Shahada (orações de morte). Pensamos que estávamos morrendo, acabados”, acrescentou.
Não houve comentário imediato da GHF ou das Forças Armadas israelenses sobre os relatos das testemunhas.
Autoridades de saúde palestinas disseram à Reuters que 21 pessoas morreram sufocadas no local. Um médico afirmou que muitas pessoas foram amontoadas em um espaço pequeno e foram esmagadas.
Na terça-feira, o escritório de direitos humanos da ONU em Genebra disse ter registrado pelo menos 875 assassinatos nas últimas seis semanas nas proximidades de locais de ajuda e comboios de alimentos em Gaza — a maioria deles perto de pontos de distribuição da GHF.
A maioria dessas mortes foi causada por tiros que os moradores locais culparam os militares israelenses. Os militares reconheceram que civis palestinos foram feridos perto dos centros de distribuição de ajuda, dizendo que as forças israelenses receberam novas instruções com “lições aprendidas”.
A GHF usa empresas privadas de segurança e logística dos EUA para levar suprimentos para Gaza, contornando em grande parte um sistema liderado pela ONU que Israel alega ter permitido que militantes liderados pelo Hamas saqueassem carregamentos de ajuda destinados a civis. O Hamas nega a acusação.
A ONU considera o modelo da GHF inseguro e uma violação dos padrões de imparcialidade humanitária — uma alegação que a GHF negou.
Amjad Al-Shawa, diretor da Rede de ONGs Palestinas, acusou a GHF na quarta-feira de má administração.
“As pessoas que se aglomeram aos milhares (nos locais da GHF) estão famintas e exaustas, e são espremidas em lugares estreitos, em meio à escassez de ajuda e à ausência de organização e disciplina por parte da GHF”, disse ele à Reuters.
A guerra em Gaza, desencadeada em outubro de 2023 por um ataque mortal do Hamas contra Israel, deslocou quase toda a população do território e levou à fome generalizada.
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