As taxas dos títulos públicos negociados no Tesouro Direto operam em alta na tarde desta terça-feira (15), refletindo o avanço dos juros dos Treasuries (títulos públicos dos Estados Unidos) após divulgação do dado de inflação americana, e o aumento da aversão a risco em relação aos ativos brasileiros. Os vértices mais longos, tanto prefixados quanto atrelados à inflação, lideram o movimento de alta.
O Tesouro IPCA+ com juros semestrais para 2045 subia a 7,18% ao ano, acima dos 7,11% registrados na segunda-feira. Já o IPCA+ 2050 avançava de 6,82% para 6,87%. Entre os prefixados, o título com vencimento em 2032 passou de 13,76% para 13,84%, enquanto o com pagamento de juros semestrais em 2035 subiu de 13,86% para 13,95% ao ano.
A inflação ao consumidor nos EUA veio em linha com as expectativas, com avanço de 0,3% no mês, e taxa anual alcançando 2,7%. O núcleo do índice, que exclui alimentos e energia, avançou 0,2% no mês, mantendo a variação anual em 2,9%. Apesar de não alterarem o cenário de política monetária no curto prazo, os números reforçam a cautela do mercado em relação à postura do Federal Reserve.
Diante do dado, os yields dos Treasuries de 10 anos chegaram a 4,48% ao ano, uma alta de mais de 5 pontos-base, e os de 30 anos voltam a pagar mais de 5% ao ano.
“Os primeiros sinais de pressão inflacionária associados às tarifas, ainda que incipientes, ocorrem em um contexto de economia sólida e mercado de trabalho ainda resiliente, cenário que reduz a necessidade imediata de cortes de juros”, avalia Andressa Durão, economista do ASA. “Por outro lado, permanece o risco de deterioração nos próximos dados, especialmente diante do retorno da incerteza política nas últimas semanas.”
Outro fator de preocupação veio após o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, anunciar o início formal da seleção de um novo presidente para o Federal Reserve. A expectativa é de que o presidente Donald Trump busque um nome mais alinhado com sua agenda pró-corte de juros, elevando a incerteza sobre os rumos da política monetária americana.
Do lado externo, a desconfiança quanto à economia chinesa também pesa. Apesar do PIB do segundo trimestre da China ter crescido 5,2% na base anual, superando expectativas, dados recentes indicam fragilidade do setor imobiliário e recuo na demanda por commodities, o que afeta diretamente o Brasil.
No cenário doméstico, o mercado também repercute o crescente desconforto dos investidores com os ativos brasileiros. O Ibovespa operava no vermelho, na contramão da alta das bolsas de Nova York, em meio à indefinição sobre a política tarifária, em dia de audiência entre governo e Congresso mediada pelo STF para resolver a questão do IOF, assunto que impacta diretamente as contas públicas.
Com esse pano de fundo, os investidores exigem prêmios mais altos para carregar títulos públicos de prazos longos, o que se reflete na elevação das taxas no Tesouro Direto nesta terça-feira.
Confira os juros pagos pelos títulos do Tesouro Direto às 13h03 desta terça-feira (15):

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