A Raízen (RAIZ4) decidiu descontinuar as operações da usina Santa Elisa por tempo indeterminado. Como resultado, a Raízen anunciou a assinatura de contratos para a venda de até 3,6 milhões de toneladas de cana-de-açúcar —abrangendo produção própria e cessão de contratos de fornecimento —por aproximadamente R$ 1,045 bilhão.
O pagamento será feito em dinheiro no fechamento da transação, e os recursos serão utilizados para reduzir o endividamento da empresa. O múltiplo implícito da transação é de aproximadamente US$53/tonelada de cana-de-açúcar, excluindo o ativo industrial.
O negócio foi firmado com a Usina Alta Mogiana, Usina Bazan, Usina Batatais, São Martinho, Pitangueiras Açúcar e Álcool e Viralcool –Açúcar e Álcool, como partes adquirentes.
No caso da São Martinho, a outra empresa listada na Bolsa, ela fechou acordo com a Raízen para adquirir aproximadamente 10,6 mil hectares (ha) de cana-de-açúcar sob contratos da usina que é localizada em um raio médio de 25 km da unidade São Martinho. A produção total de cana-de-açúcar nessa área deve atingir 600 mil toneladas em 2026/27 e 800 mil toneladas a partir de 2028/29.
O negócio está avaliado em R$ 242 milhões, sujeito a ajustes após o fechamento, e não devem ser feitos investimentos industriais e agrícolas adicionais.

Governo encaminha ao Senado indicações para diretoria da Aneel
As sabatinas para os cargos na Aneel e em outras agências reguladoras, tribunais e conselhos, além das votações em plenário, estão previstas para o mês de agosto

Ibovespa Ao Vivo: Bolsa cai de olho em IOF, CPI dos EUA e tarifas de Trump
Bolsas dos EUA operam mistas em meio a balanços e dados de inflação
O Bradesco BBI acredita que, para a Raízen, deve haver benefícios com: (i) melhoria da liquidez (e, espera-se, do custo da dívida); (ii) estreitar o foco da administração para um número menor de operações que gerem retornos mais elevados; e (iii) desbloquear uma potencial injeção de capital de um acionista atual ou novo.
“Observamos também que o múltiplo de transação de US$ 53/tonelada estava em linha com os negócios recentes e com nosso cenário-base. Além disso, com esta venda, a empresa atingiu R$ 1,5 bilhão em desinvestimentos na área de açúcar e etanol”, apontam os analistas.
Já para o Itaú BBA, a transação está alinhada à estratégia da empresa de reciclagem do portfólio de ativos, redução da dívida e melhoria da eficiência agroindustrial. O múltiplo implícito de aproximadamente US$ 53/tonelada está acima da média de transações anteriores, mas tem suas especificidades, pois se refere apenas ao desinvestimento do ativo biológico.
Olhando para a São Martinho, o BBI ressalta que a área plantada de cana-de-açúcar no Brasil não se expande há mais de uma década, o que, em última análise, reflete um ambiente geral desfavorável para os retornos do setor, especialmente quando comparado a outras culturas. Se os investimentos greenfield não têm sido atrativos, aquisições incrementais podem ser uma maneira interessante de desbloquear algum crescimento, e esse parece ser o caso da São Martinho.
Com base na expansão da produção total de cana-de-açúcar de 600 mil para 800 mil toneladas, a aquisição dos ativos biológicos da Raízen ocorreu com um múltiplo de entrada de US$ 73/tonelada, que deve cair para US$ 55/tonelada à medida que o TCH (Toneladas de Cana por Hectare) melhorar.
“Como referência, vemos atualmente a São Martinho sendo negociada a US$ 71/tonelada (ex-arrendamentos). Isso torna o negócio vantajoso em qualquer cenário de aumento de produtividade, e parece haver bastante espaço para isso – com base nos números divulgados, estimamos uma produtividade média de cana-de-açúcar de cerca de 67 toneladas/ha no limite inferior da faixa de moagem, em comparação com o nível atual da São Martinho de entre 83-84 toneladas/ha (embora uma questão que persista seja se investimentos adicionais serão necessários para atingir esse patamar)”, avalia.
Assim, do ponto de vista da avaliação, o negócio parece fazer todo o sentido. Mas ainda é pequeno – adicionando um EBIT (Lucro Antes de Juros e Impostos) de R$ 33 milhões a 44 milhões, ou apenas 2-3% do total da São Martinho, com base em sua margem EBIT atual de US$ 10/tonelada – e deve impactar os resultados apenas a partir da safra 2026/27.
Os analistas seguem com recomendação neutra para o papel, apontando que a valorização permanece limitada pela falta de espaço para revisões positivas dos lucros, já que os preços do açúcar permanecem sob pressão.
The post Raízen vende usina, São Martinho compra parte do ativo: o que indica para empresas? appeared first on InfoMoney.
Leave a Reply