A XP Investimentos adotou visão mais comedida para o mercado de minério de ferro, após uma sequência de meses com dados relativamente estáveis entre janeiro e abril. A leitura da corretora parte da constatação de que, apesar de indicadores firmes nos primeiros quatro meses do ano, há elementos suficientes para sustentar uma abordagem mais prudente quanto à continuidade da demanda, especialmente por parte da China, maior consumidora global de minério e aço.
Segundo os analistas da XP, a demanda aparente por aço no país asiático mostrou crescimento de 1% em relação ao mesmo período do ano passado entre janeiro e abril. Esse desempenho, no entanto, pode não se manter em maio, quando a base de comparação se torna mais elevada e as condições econômicas se mostram menos favoráveis.
A casa ressalta que os preços do aço permaneceram estáveis, ao passo que os custos de insumos como minério de ferro e coque apresentaram recuos em maio, contribuindo para um aumento nas margens das usinas integradas (BF).
A produção de aço bruto na China cresceu 1% na mesma base de comparação no acumulado de janeiro a abril, conforme dados da National Bureau of Statistics (NBS). No caso da produção de ferro-gusa (etapa anterior da cadeia) o crescimento foi de 2% até maio, segundo a China Iron and Steel Association (Cisa), mesmo diante da redução nas importações de minério, que caíram 4 milhões de toneladas em maio.
Parte dessa diferença, aponta a XP, pode ter sido suprida pelo consumo de estoques acumulados em portos e usinas, o que reforça a percepção de que o consumo final está sob pressão.
Outro ponto de atenção é o comportamento dos estoques nos portos chineses, que apresentaram queda em maio. Isso sugere movimentação do produto já armazenado, sem uma reposição proporcional por meio das importações.
A corretora observa ainda que as exportações chinesas de aço seguem elevadas, com uma taxa anualizada próxima de 120 milhões de toneladas, mas ressalta que o volume exportado representa uma parcela pequena da produção total, o que limita seu efeito compensatório sobre a demanda doméstica.
Efeito do tarifaço
No front macroeconômico, os dados de abril reforçam a visão de que o ritmo da atividade chinesa perdeu tração. A produção industrial recuou de 8% em março para 6% em abril, movimento atribuído em parte à adoção de tarifas comerciais por parte dos Estados Unidos.
A pressão se estendeu ao setor de infraestrutura, também afetado pelo ambiente externo, e ao mercado imobiliário, que voltou a mostrar números fracos em lançamentos, vendas e entregas. As vendas no varejo cresceram 5% na comparação anual, uma desaceleração em relação aos 6% registrados no mês anterior, influenciada principalmente pelo desempenho mais fraco nas vendas de automóveis.
Por outro lado, o setor externo da China ainda sustenta números razoáveis. As exportações mantiveram um bom desempenho em abril e podem encontrar algum alívio temporário com a trégua nas tarifas imposta por Washington, válida por 90 dias. Esse acordo, porém, diz a XP, não elimina as tensões comerciais, que continuam pesando sobre as expectativas dos agentes econômicos.
A XP avalia que as novas medidas dos EUA, incluindo a proposta de dobrar as tarifas sobre aço e alumínio de 25% para 50%, aumentam as incertezas sobre o comércio internacional desses metais. Embora a corretora acredite que o efeito direto sobre as exportações chinesas de aço seja limitado, dada sua baixa representatividade frente ao total produzido no país, os analistas chamam atenção para o efeito indireto sobre o ritmo da indústria global, que tende a ser afetada por esse tipo de medida.
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