Uma proposta do Banco Central para limitar as taxas de intercâmbio cobradas em compras com cartão de crédito pode beneficiar o Mercado Livre (MELI34), segundo análise do Itaú BBA. A medida, que será debatida em consulta pública, afeta diretamente o custo das transações no varejo e pode reduzir despesas operacionais da companhia, especialmente nas operações do Mercado Pago no Brasil.
Caso a regulação avance, a operação de serviços financeiros da empresa, o Mercado Pago, seria afetada de três maneiras distintas, segundo os analistas do banco.
- Como emissor de cartões, o Mercado Pago passaria a arrecadar menos com a taxa de intercâmbio nas compras feitas por seus clientes fora do ecossistema do Mercado Livre.
- Como vendedor em sua própria plataforma, o Mercado Livre passaria a pagar menos a outros emissores de cartão, reduzindo os custos de transação.
- Na função de adquirente de pagamentos de lojistas fora do marketplace, a empresa se beneficiaria da queda nos custos de intercâmbio, embora parte desse alívio deva ser repassada aos lojistas.
A avaliação do banco é que, mesmo com essas diferentes frentes, o efeito inicial seria positivo para o lucro da companhia. Os analistas projetam que a redução nas taxas pode gerar um aumento de até 5% nos ganhos, especialmente enquanto o repasse aos clientes ainda não for total. O estudo leva em conta uma queda de 0,5 ponto percentual na média da taxa de intercâmbio, que passaria de 1,6% para 1,1%.
Forte em adquirência
O Mercado Pago tem uma presença relevante no mercado brasileiro de adquirência (intermediação entre o estabelecimento, o cliente que paga e o banco emissor do cartão). Os analistas do BBA estimam que a empresa movimenta cerca de US$ 56 bilhões por ano fora da própria plataforma, com cerca de 7% de participação nesse segmento. Essa estrutura integrada, que reúne loja, sistema de pagamento e concessão de crédito, é apontada pelos estrategistas como um diferencial frente a concorrentes como a Amazon.
A lógica é simples: se a nova regulação reduzir a atratividade do parcelamento sem juros com cartões de terceiros, consumidores podem buscar alternativas que ofereçam crédito direto. O Mercado Livre já opera dessa forma, usando seu próprio motor de crédito para permitir que os clientes parcelem as compras sem depender de bancos ou bandeiras.
Medida já surte efeito
Ainda que a proposta do Banco Central esteja em fase de consulta pública e os detalhes finais não tenham sido divulgados, o mercado já começa a tentar antecipar os efeitos. Para o Itaú BBA, a medida não deve comprometer de forma relevante a receita vinda da emissão de cartões, e os ganhos com a queda nos custos de transação devem se sobressair, ao menos no início.
A avaliação do banco mantém uma perspectiva positiva para o desempenho das ações do Mercado Livre, com preço-alvo de US$ 3.133 até o fim deste ano. Mesmo com as possíveis mudanças regulatórias, o relatório aponta que a estrutura operacional da empresa está bem posicionada para se adaptar e aproveitar as novas condições do mercado brasileiro de pagamentos.
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