Numa megaoperação conjunta realizada ontem, forças de segurança do Rio de Janeiro e do Ceará miraram a cúpula de uma facção cearense que operava à distância a partir da capital fluminense. O principal alvo era o Comando Vermelho do estado nordestino, que, segundo o Ministério Público, ordenou mais de mil homicídios nos últimos dois anos. Durante a ação, agentes encontraram uma mansão de luxo na Dioneia, região no alto da Rocinha, usada como base do grupo criminoso. O imóvel, equipado com piscinas aquecidas, cascata, área gourmet, academia, sinuca e deck panorâmico, dava mostra do poder da quadrilha interestadual.
‘Mais de mil homicídios ordenados do Rio por criminosos do Ceará escondidos na Rocinha’, diz chefe do MPRJ
A operação, deflagrada na manhã de ontem, foi conduzida pela Coordenadoria de Segurança e Inteligência do Ministério Público do Rio (CSI/MPRJ) em parceria com o Ministério Público do Ceará e as secretarias de Segurança Pública dos dois estados.
A ação contou com cerca de 80 agentes das tropas especializadas do Rio — incluindo o BOPE, o Batalhão de Choque e o Primeiro Comando de Policiamento de Área — além de policiais cearenses. Drones e helicópteros vigiavam as equipes, cujas imagens eram transmitidas para o Quartel-General da PM, no Centro. Dali, o governador Cláudio Castro acompanhava a ação com outras autoridades.
Segundo moradores da comunidade, blindados da polícia começaram a circular pela Rocinha pela manhã. Com a chegada dos agentes, cerca de 400 criminosos fugiram para a mata. Houve troca de tiros, e um policial militar foi baleado. Ele foi levado ao Hospital Municipal Miguel Couto e está fora de perigo.
Os policiais identificaram sinais de que uma festa havia ocorrido no local na noite anterior: carnes e bebidas ainda estavam na área gourmet da casa. A mansão seria de Anastácio Paiva Pereira, conhecido como Doze ou Paizão, apontado como um dos chefes da facção criminosa cearense responsável por comandar o tráfico em Santa Quitéria, no interior do estado. Contra ele, há cinco mandados de prisão em aberto por crimes como homicídio, tráfico de drogas e organização criminosa.
Além da mansão, foi descoberto um prédio que servia de alojamento dos criminosos cearenses, uma espécie de hospedagem mantida com apoio do CV carioca.
“Os criminosos do Comando Vermelho do Rio alugam moradias para os bandidos do Ceará e oferecem proteção, como se fosse um pacote de viagens”, diz o procurador-geral de Justiça do Rio, Antonio José Campos Moreira.
Foram apreendidos quatro fuzis, duas pistolas, um revólver, um fuzil de airsoft, munição e drogas. Dos 29 mandados de prisão, um foi cumprido.As investigações ficaram a cargo do Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Ceará, em parceria com o Gaeco do Rio.
“Mais de mil homicídios foram ordenados a partir do Rio por criminosos do Ceará escondidos na Rocinha, nos últimos dois anos. Sem a parceria entre as instituições, não é possível combater com eficácia as organizações criminosas”, destaca Campos Moreira. “Os assassinos do Ceará agem com extrema violência. Os crimes são cometidos com requintes de crueldade e divulgados nas redes sociais.
De acordo com as investigações dos Ministérios Públicos cearense e fluminense, as ordens para os ataques a provedores de internet no Ceará também partiram do núcleo de criminosos instalado na Rocinha”.
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