A Eletrobras prevê menor descolamento dos preços de energia de curto prazo entre as diferentes regiões do país a partir do segundo semestre, o que ajudará a reduzir o chamado “risco de submercado”, que afeta as empresas que geram e comercializam energia em regiões diferentes.
Em teleconferência para comentar os resultados financeiros nesta quinta-feira, o vice-presidente financeiro da Eletrobras, Eduardo Haiama, explicou que a companhia adotou uma estratégia de “hedge” na venda de energia no primeiro trimestre, diante do potencial cenário baixista para os preços na época, com chuvas abundantes até fevereiro.
Em março, porém, a piora das condições de chuvas no Sudeste fez o preço spot da energia, o PLD, disparar nesse submercado, que é maior consumidor de energia do país, e onde as vendas das geradoras estão concentradas.
Já no Norte e Nordeste os preços permaneceram no piso, dadas as chuvas abundantes nas grandes hidrelétricas do Norte e a forte geração renovável na região vizinha, o que gerou uma exposição a preços relevante para várias elétricas.
No caso da Eletrobras, a empresa registrou no primeiro trimestre um aumento dos custos com energia comprada para revenda, devido à maior liquidação de energia no mercado de curto prazo. Os valores nessa linha mais do que dobraram frente aos do primeiro trimestre de 2024, para R$1,56 bilhão.
Esse fator, aliado à menor receita de transmissão, foram os principais impactos negativos do resultado operacional da Eletrobras de janeiro a março. A empresa divulgou na véspera um prejuízo líquido de R$354 milhões no período.
Segundo Haiama, a companhia mudou sua estratégia para a frente, tendo agora um “volume relevante” descontratado para o segundo semestre.
Rodrigo Limp, vice-presidente de regulação, institucional e mercado da Eletrobras, afirmou que a companhia enxerga algumas estratégias para aliviar o risco de submercado, algo que é comum na comercialização de energia elétrica, área que ganhou relevância para a empresa após a privatização e na qual a elétrica passou a ser muito mais ativa.
“Basicamente, buscar aumentar vendas (de energia) do Norte e Nordeste, o que não é simples, dado que o mercado comprador é basicamente Sudeste. Fizemos operações de ‘swap’, ainda nesse primeiro trimestre, para mitigar um pouco esse impacto…”, explicou.
A partir de junho, quando as grandes hidrelétricas a fio d’água do Norte praticamente param de gerar, a tendência é de que os preços da energia na região fiquem mais próximos dos do Sudeste, disse Limp.
“Então, no segundo semestre, geralmente entre junho e novembro, são esperados valores colados de preço ou muito próximos entre as regiões, o que naturalmente traz benefícios para a Eletrobras, dado que temos uma grande quantidade de recursos no Norte”.
“Para o Nordeste, esperamos uma manutenção do descolamento, mas não nos níveis de março”, acrescentou o executivo.
DIVIDENDOS
Na teleconferência, o vice-presidente financeiro lembrou que a companhia discutiu no fim do ano passado uma metodologia ampla de alocação de capital olhando para o médio prazo e que, quando decidiu pela distribuição de R$1,8 bilhão em dividendos adicionais, já se contemplava a entrada de recursos bilionários com a venda de usinas termelétricas à Âmbar, da J&F.
O CEO da Eletrobras, Ivan Monteiro, destacou ainda que as decisões finais de alocações de capital passam por discussão junto ao conselho de administração.
“A gente sempre diz para o conselho, ‘temos oportunidades únicas aqui de investir’… Temos leilões previstos ao longo deste ano e temos a decisão, sim, de remunerar o nosso acionista da maneira mais competitiva possível”.
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