Por mais organizada que seja a gestão de um negócio, ninguém está livre de imprevistos financeiros. Seja para pagar gastos extras, suprir meses mais fracos de vendas, ou mesmo para aproveitar alguma oportunidade, ter uma reserva de emergência para empresas é muito importante para a saúde financeira da operação.
Além disso, esses recursos também podem proteger a empresa de situações alheias à atividade em si, como observa Philipe Pellegrino, head da XP Empresas.
“Ter uma reserva de emergência é fundamental diante das incertezas fiscais, políticas e econômicas que podem impactar diretamente a liquidez, devido a riscos de mercado e de crédito”, alerta o executivo.
Neste guia, o InfoMoney reuniu os principais aspectos sobre a reserva de emergência para empresas – como montar uma, qual o tamanho adequado, e respostas a dúvidas frequentes sobre o tema. Para saber mais, continue a leitura a seguir.
O que é a reserva de emergência para empresas?
Reserva de emergência são os recursos que a empresa precisa ter disponíveis para fazer frente a situações de urgência financeira.
Essas situações podem ser ocasionadas por imprevistos que exigem gastos ou para aproveitar oportunidades que podem trazer benefícios para o negócio. Alguns exemplos são:
- queda nas vendas (inesperadas ou pela sazonalidade do negócio);
- atraso ou inadimplência de clientes;
- gastos extras com matéria-prima, salários ou outros operacionais;
- conserto de maquinário ou alguma compra urgente;
- aumentar estoques para aproveitar alguma promoção de fornecedores.
Reserva de emergência é o mesmo que capital de giro?
Ambos os conceitos são fundamentais para a saúde financeira de uma empresa, mas têm significados distintos.
Quando falamos em capital de giro, estamos nos referindo ao somatório de todos os recursos financeiros de que a empresa precisa para fazer a sua atividade funcionar. Nesta conta, entra dinheiro em caixa, saldo bancário e aplicações, valores a receber de clientes, estoques, fornecedores, empréstimos e assim por diante. Ou seja, o capital de giro contempla recursos próprios e de terceiros que a empresa utiliza na sua operação.
Por sua vez, a reserva de emergência corresponde à parcela de recursos próprios e de disponibilidade imediata. No balanço patrimonial, esses recursos estão no caixa, nos saldos em conta-corrente e nas aplicações financeiras de liquidez imediata.
Como alerta Pellegrino, o fundo de emergência deve ser mantido separado e não pode ser considerado para as despesas rotineiras da empresa. Isso porque a sua função é, justamente, proteger o negócio contra crises financeiras, inadimplência ou outros imprevistos.
A reserva de emergência para empresas é diferente da pessoal?
O propósito da reserva de emergência é garantir mais conforto financeiro mediante urgências – e isso serve para empresas e para pessoas físicas. Porém, é sempre importante separar os recursos dos sócios da atividade em si.
A reserva de emergência pessoal serve para cobrir situações de urgência particulares, como despesas médicas, conserto do carro, reparos na casa, ou mesmo a falta de renda em períodos de desemprego, por exemplo. Já da empresa, considera fatores exclusivamente voltados à operação, como os que vimos anteriormente (queda nas vendas, inadimplência, gastos extras, entre outros).
Importância e vantagens da reserva de emergência para empresas
Por tudo o que vimos até aqui, podemos entender que a reserva de emergência está diretamente associada a uma gestão financeira eficiente. A seguir, veja como esses recursos podem ser importantes e trazer vantagens para a empresa na prática.
Gestão do fluxo de caixa
Seja qual for o setor de atuação ou porte empresa (MEI, Empresa Individual, médias ou grandes organizações), é muito importante que ela faça uma boa gestão do fluxo de caixa, mantendo os fluxos de pagamentos e recebimentos sempre em equilíbrio. E uma das formas de se conseguir isso é poder contar com recursos para quando surgem imprevistos financeiros ou boas oportunidades de aquisições.
Proteção do capital de giro
Como vimos, manter um fundo financeiro para emergências evita que a empresa utilize o seu capital de giro para outros fins que não sejam o dia a dia da operação. Quando surge qualquer situação urgente e não existe uma folga de caixa, os sócios terão que sacrificar o capital de giro ou utilizar fontes de financiamento mais caras, e o custo financeiro trará reflexos negativos para o resultado da atividade.
Proteção contra instabilidades na economia
Quem tem um negócio, sabe o quanto as oscilações na economia podem trazer dor de cabeça em determinadas situações. Em períodos de juros altos, por exemplo, as compras e o crédito ficam mais caros, e isso pode afastar os clientes, reduzindo a receita da operação.
Em momentos como esse, as reservas financeiras dão mais tranquilidade à empresa para enfrentar as oscilações do mercado, até que o cenário econômico retome a normalidade.
Aproveitar oportunidades estratégicas
Quem tem dinheiro no bolso, consegue aproveitar boas oportunidades assim que elas surgem. Com as empresas, isso não é diferente.
Dependendo da negociação, uma compra à vista pode resultar em bonificações ou em um bom desconto, e alavancar as vendas do mês. O mesmo vale para quem quer expandir os negócios, investir em tecnologias ou desenvolver um novo produto rapidamente, para superar a concorrência. Tudo isso fica bem mais fácil com a liquidez de uma reserva de emergência.
Credibilidade no mercado
Uma empresa capitalizada passa a imagem de seriedade na gestão e solidez nos negócios. Clientes e fornecedores começam a perceber o poder de negociação de uma organização que tem uma boa gestão de caixa, e isso também contribui para o fortalecimento de sua marca.
Como montar uma reserva de emergência para empresas?
A primeira providência a tomar para constituir a reserva de emergência é organizar o fluxo de caixa, o que ajuda a controlar receitas e despesas. Segundo Pellegrino, isso faz com que o empreendedor consiga prever e evitar resultados negativos.
“É importante também avaliar a reserva de caixa operacional (recursos gerados pela atividade) junto da reserva de caixa projetado, considerando a sazonalidade do setor. O empresário deve ter em perspectiva tudo o que impacta a margem financeira do negócio. Por fim, é preciso manter uma rotina de gestão financeira da empresa, para que se possa tomar decisões estratégicas com base em dados”, avalia o head da XP Empresas.
Como definir o valor da reserva de emergência para a empresa?
Existem diferentes variáveis a considerar para definir o valor dessa reserva.
O primeiro passo é entender o perfil do negócio e conhecer bem as suas peculiaridades. Por exemplo, se existe sazonalidade no setor (turismo, varejo e outros) ou dependência de componentes sujeitos a oscilações (matéria-prima importada ou commodities), quais os prazos de pagamento e recebimento, e demais riscos inerentes à operação.
Segundo Pellegrino, um bom parâmetro para a empresa é separar o valor de três a seis meses de custos fixos como reserva mínima emergencial.
“De acordo com práticas de gestão de riscos e análise do ciclo financeiro das empresas, esse seria um tempo médio para recuperação em momentos sazonais de crise, ajustes de preços e para recorrer a novas linhas de crédito ou promover mudanças estratégicas”, conclui.
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